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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

1 DE DEZEMBRO DE 1640


 

“No dia 24 de Junho de 1578 saiu D. Sebastião do Tejo, com uma armada de cerca de 800 velas, entre galeões, galés, urcas, caravelas e outras embarcações; no camarim da sua galé levava o rei a espada e o escudo de D. Afonso Henriques, que pedira ao Mosteiro de Santa Cruz (…). Após alguma demora em Lagos e Cádis, chegou o rei a Tânger a 7 de Julho, donde quatro dias mais tarde , partiu para Arzila (…). A 29 de Julho partiu em direcção de Alcácer Quibir (…). A 6 km desta cidade acampara com 40 000 cavaleiros. No dia 4, D. Sebastião mandou dispor o exército em ordem de batalha, exército que, mal alimentado, estafado pela marcha e pelo calor e dirigido por um rei incapaz, foi completamente derrotado. Entre os mortos figurava o próprio rei.
Maria Emília Ferreira in Dicionário de História de Portugal – artigo “D. Sebastião”
(adaptado)


A MORTE DE D. SEBASTIÃO E O DOMÍNIO FILIPINO
D. Sebastião morreu em combate com os mouros, sucedendo-lhe no trono seu tio-avô, D. Henrique, que morreu passado pouco tempo, sem deixar filhos.
1578 – O exército português foi derrotado nem Alcácer-Quibir e D. Sebastião morreu.

1580 – Morte de D. Henrique.
Os pretendentes ao trono eram:

- D. António, prior do Crato, apoiado pelo povo;

- D. Filipe II, rei de Espanha, apoiado pela nobreza e burguesia. A nobreza pretendia obter cargos importantes nas áreas dominadas pelos espanhóis. A burguesia pretendia comerciar livremente nessas terras. Os dois grupos tinham esperança do rei espanhol resolver as dificuldades económicas do país.

1580 – D. António fez-se aclamar rei em Lisboa, Setúbal, Santarém e noutras cidades. Como resposta, em finais desse ano, um poderoso exercito de D. Filipe II invadiu Portugal e derrotou facilmente as forças de D. António, prior do Crato, que fugiu para França.
1581 – As Cortes de Tomar aclamaram, como rei de Portugal, D. Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal.

DOMÍNIO FILIPINO
D. Filipe subiu ao trono português, mantendo a União das Duas Coroas. Comprometeu-se a respeitar os interesses do Reino, os seus usos e costumes. Este compromisso foi cumprido nos dois reinados seguintes (D. Filipe I e D. Filipe II). O país melhorou a sua situação económica.
No reinado de D. Filipe III, por volta de 1620, a Espanha envolve-se em guerras com Inglaterra, França e Holanda. Estas conduziram ao aumento dos impostos e ao recrutamento de militares portugueses para combater nos exércitos espanhóis. As colónias portuguesas no Oriente, em África e no Brasil foram atacadas pelos inimigos de Espanha.


Motins populares – O povo começou por se revoltar contra a carestia de vida. Ex: “Revolta do Manuelinho” em Évora.
Revolta de 1640 – Conspirações da nobreza para derrubar os representantes de D. Filipe III. Assim, foi restaurada, ou seja, recuperada a independência de Portugal, sendo o Duque de Bragança proclamado rei, com o título de D. João IV.
D. João IV organizou o reconhecimento da Restauração da independência, enviando embaixadores aos principais países estrangeiros, e preparou a defesa do país:

  • Formou um exército;
  • Comprou e fabricou armas;
  • Construiu fortalezas.

A revolta de 1640


O 1º de Dezembro despertara formoso... Eram oito horas e meia. Os fidalgos iam chegando ao portão do palácio (...). Ao bater a última badalada das nove nas torres das igrejas, os conjurados irromperam impetuosamente.

(...) Os primeiros no assalto foram Jorge de Melo, Estevão da Cunha e António de Melo e Castro. O velho D. Miguel de Almeida avançou pela sala onde os soldados tentavam resistir e, energicamente , disparando o pistolão, (...) bradava:

- Valorosos lusitanos: viva El-Rei D. João IV de Portugal, até agora Duque de Bragança, viva! Morra El-Rei de Castela, que nos arrebatou a liberdade!

Já alguns fidalgos de espadas nuas, apontando as armas aos soldados, detinham-nos (...)

D. Miguel de Almeida apareceu numa das varandas e, erguendo a espada gritou:

- Liberdade, portugueses! Viva El-Rei D.João IV.

O povo acorria da banda da Ribeira e da Sé, das bestegas e ruelas, acreditando, enfim na revolução. Faltava, ainda, a prova decisiva: a da morte do secretário de Estado (...).

D. António Telo, D. João de Sá de Meneses (...), o Conde de Atouguia e seu irmão atravessavam os vastos corredores do paço seguidos por outros fidalgos (...). iam em busca de Miguel de Vasconcelos. (...) Encontrá-lo-iam num vasto armário onde se guardavam livros e papéis do Estado e atiraram-lhe a bala. Ao sentir-se atingido, o inimigo dos portugueses saltou para a sala, onde o feriram de novo, atirando-o, ainda com vida para o Terreiro. A multidão lançou-se sobre ele (...)

(...) Já os fidalgos se encontravam na presença da Duquesa de Mântua. D.Antão de Almeida tomara a dianteira.

Foi a governadora do Reino que se apresentou de cabeça erguida.


“- Que é esto, portugueses? Onde está vuestra fidelidad?”

Obrigaram-na a mandar abrir as portas (...). A governadora ergueu a voz, quis convencê-los, e ao ouvir o nome do Duque de Bragança, falou-lhes rudemente.

(...) D.Carlos de Noronha atalhou-lhe que não dissesse mais nada para não lhe faltarem ao respeito e que se recolhesse aos seus aposentos.

Saiu de cabeça levantada sentindo que os portugueses tinham ganho a partida naquele inicial dia de Dezembro (...).
Rocha Martins, “Os grandes Vultos da Restauração de Portugal”



GUERRA DA RESTAURAÇÃO
 Em 1644 iniciaram-se confrontos entre os exércitos portugueses e espanhóis. Só em 1668 foi assinado o Tratado de Paz e reconhecida a independência de Portugal, por Espanha.





D. João IV

Foi aclamado rei a 15 de Dezembro de 1640, dando início à IV e última dinastia portuguesa – a Dinastia de Bragança.

D. João IV fez frente às dificuldades com um vigor que muito contribuiu para a efectiva restauração da independência de Portugal.

Da actividade global do seu reinado, deveremos destacar o esforço efectuado na reorganização do aparelho militar - reparação das fortalezas das linhas defensivas fronteiriças, fortalecimento das guarnições, defesa do Alentejo e Beira e obtenção de material e reforços no estrangeiro; a intensa e inteligente actividade diplomática junto das cortes da Europa, no sentido de obter apoio militar e financeiro, negociar tratados de paz ou de tréguas e conseguir o reconhecimento da Restauração; a acção desenvolvida para a reconquista do império ultramarino, no Brasil e em Africa; a alta visão na escolha dos colaboradores; enfim, o trabalho feito no campo administrativo e legislativo, procurando impor a presença da dinastia nova.

Quando morreu, o reino não estava ainda em segurança absoluta, mas D. João IV tinha-lhe construído umas bases suficientemente sólidas para vencer a crise. Sucedeu-lhe D. Afonso VI, seu filho.
Ficha genealógica:

D. João IV nasceu em Vila Viçosa, a 19 de Março de 1604 e morreu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1656, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Era filho de D. Teodósio II, 7 ° duque de Bragança, e de sua mulher, D. Ana de Velasco.

Casou em 12 de Janeiro de 1633, com D. Luísa Francisca de Gusmão (San Lucar de Barrameda, 13 de Outubro de 1613;Lisboa, 27 de Outubro de 1666), de quem teve os seguintes filhos:

 D. Teodósio, que nasceu em Vila Viçosa a 8 de Fevereiro de 1634 e morreu em Lisboa, a 13 de Maio de 1653. Foi 9 ° duque de Bragança e príncipe do Brasil, em 1645;

 D. Ana, que nasceu em Vila Viçosa, a 21 de Janeiro de 1635 e morreu no mesmo dia;

 D. Joana, que nasceu em Vila Viçosa a 18 de Setembro de 1635 e morreu em Lisboa, a 17 de Novembro de 1653;

 D. Catarina, que nasceu em Vila Viçosa, a 25 de Novembro de 1638 e morreu em Lisboa, a 31 de Dezembro de 1705.

 D. Manuel, que nasceu em Vila Viçosa, a 6 de Setembro de 1640 e faleceu no mesmo dia;

 D. Afonso VI, que herdou a coroa;

 D. Pedro II, que sucedeu ao precedente.




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