A maldição de Santa Engrácia
A
história do monumento remonta aos finais do século XVI, quando uma igreja foi
ali erguida por vontade da infanta D. Maria, filha do Rei D. Manuel I e devota
de Santa Engrácia. Em 1630 deu-se na igreja um roubo sacrílego, tendo sido
arrombado o sacrário. Foi dado como culpado o hebreu Simão Pires Solis, que foi
queimado vivo, lê-se no Guia de Portugal, de Raul Proença. Ele ao passar por
aqui terá dito: Tão certo é eu ser inocente como esta igreja nunca ser acabada”.
A
‘maldição’ estava lançada. “Quando estão a decorrer as obras, há uma tempestade
e essa primitiva igreja vai ruir”, continua a diretora.
A
primeira pedra do edifício que hoje podemos visitar foi lançada em 1682. A obra
ficou a cargo do mestre João Antunes, que desenhou um edifício barroco muito
inspirado nas igrejas italianas. O arquitecto morre em 1712 e a igreja vai
permanecer inacabada, fica sem cúpula. Entretanto é entregue ao exército, chega
a ser fábrica de calçado e depósito de armamento. Para o espaço não ficar a céu
aberto, o vazio é coberto com uma calote de ferro e vidro.
A
criação de um Panteão Nacional chega em 1836 pela mão de Passos Manuel, na
sequência dos ideais da Revolução Francesa. Aparece a necessidade de um Panteão
Nacional em que as pessoas são acolhidas pelos feitos extraordinários que
desenvolveram ao longo da vida. Por isso não há reis sepultados em Santa
Engrácia. Em 1916 é determinado que vai ser esta igreja a desempenhar essa função
– mas permanece inacabada.
Até
que em 1966, passados quase três séculos sobre o lançamento da primeira pedra,
a cúpula é concluída.
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