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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

29 de novembro de 1807 - Partida da família real para o Brasil

Embarque da corte portuguesa para o Brasil - Henry L'Évêque

A partida da corte portuguesa para o Brasil, em Novembro de 1807, foi preparada e pensada com antecedência. Durante o ano de 1807, verificou-se o avanço das tropas napoleónicas sobre a Península Ibérica. Napoleão Bonaparte pretendia tornar-se o senhor da Europa e lançara uma vasta campanha de conquista dos territórios e dos seus habitantes. Impôs o que ficou conhecido por Bloqueio Continental, de 21 de Novembro de 1806, um bloqueio económico contra a Inglaterra, que se traduzia no fecho dos portos ao comércio com este país e na entrega aos franceses de todos os súbditos ingleses que residissem em território nacional. Portugal optava pela neutralidade, não cumprindo as ordens francesas e numa estratégia diplomática tentou comprar a paz aos franceses, o que não conseguiu. Em Portugal reinava ainda D. Maria I, que se encontrava incapaz de governar devido a uma longa e grave doença psíquica que a afetava desde 1795.

Príncipe Regente D. João - Francesco Bartolozzi 

 O príncipe regente D. João, futuro D. João VI, assumiu a regência e assistia com atenção aos avanços dos franceses na Europa. Em Agosto, fora aconselhado pelos ministros a partir para o Rio de Janeiro. Por isso, a 7 de Setembro de 1807, dirigiu um ofício ao ministro de Portugal residente em Londres, comunicando a sua intenção de se retirar para o Brasil, para evitar a guerra, a invasão do território português e para manter a salvo a monarquia portuguesa. A 22 de Outubro de 1807 D. João assinou com Jorge III, uma convenção secreta, em que era garantida a proteção e a defesa a Portugal, apoio na partida da família real para o Brasil e na ocupação temporária da ilha da Madeira pelas forças britânicas. Em troca o governo português não entregaria os súbditos britânicos nem lhes confiscaria os bens e não fecharia os portos à navegabilidade e comércio com a Inglaterra. Ao saber da convenção luso-britânica, os franceses assinaram com os espanhóis o tratado de Fontainebleau de 27 de Outubro de 1807, que previa após a invasão de Portugal, a divisão do território português em três partes. A 20 de Novembro, o Comandante Junot entrou em Castelo Branco, o príncipe regente encontrava-se em Mafra e a restante família real em Queluz. Organizaram-se então os preparativos, já pensados desde Agosto, para o embarque e viagem para o Brasil. Foram escolhidas as pessoas que seguiriam com a família real, nobres, membros do clero, oficiais, funcionários públicos e demais pessoal que acompanharia a máquina governativa e entregues os passes para o embarque. Cerca de 12000 pessoas embarcam numa esquadra composta por 8 naus, 3 fragatas, 4 brigues, 1 escuna de guerra; e 20 navios mercantes da marinha nacional. No cais amontoavam-se habitantes de Lisboa, que ao se aperceberem da partida da família real tentam também embarcar. Guardas da polícia patrulham o cais, no qual se chegou a erguer duas tendas, que albergavam toda a carga e a bagagem. Seges e liteiras chegam de todas as direções com os ministros e os que partem. A confusão foi grande e na pressa muito ficou por embarcar, porque não fora prevista o volume de pessoas e de carga. A bordo os barcos encontravam-se cheios, e segundo os testemunhos e relatos da época a confusão era grande. Por falta de vento a viagem não pode logo prosseguir e a Corte ficou a pairar no Tejo até ao dia 29 de Novembro. A 30 as tropas de Junot entraram na cidade de Lisboa acompanhados pela guarda real portuguesa, que tinha ordens para receber os invasores sem hostilidade. A família real partiu e com ela seguiu a armada de Sidney Smith, que deveria acompanhar a expedição portuguesa e assegurar a boa viagem da corte até ao Rio de Janeiro. Partiu pela primeira vez a Corte para o Brasil, e aí permaneceu até 1821.

 Partida da Corte para o Brasil (1807)
"Vejo que pelo interior do meu Reino, marcham tropas do Imperador da França e Rei de Itália (…) e que as mesmas se dirigem a esta capital (…) Conhecendo eu igualmente que elas se dirigem particularmente contra a Minha Real Pessoa e que os meus Reais Vassalos serão menos inquietados ausentando-me eu deste Reino, tenho resolvido (…) passar com a Rainha (…) e toda a Real Família para os Estados da América e estabelecer-me na cidade do Rio de Janeiro até à paz geral (…)"

Carta de D. João VI (adaptação)
"As bagagens da Corte, expostas ao tempo e quase abandonadas, ocupavam desde a rua da Junqueira até ao Cais e as carruagens não puderam entrar no Largo de Belém porque (…) o imenso povo que estava no largo, as bagagens e o regimento de Alcântara que faziam a guarda de honra impediam o trânsito (…) Por uma salva da esquadra soubemos que Sua Alteza tinha chegado a bordo. A maior parte das famílias, em consequência da confusão que reinava, dividiam-se embarcando no primeiro navio que encontravam; as bagagens ficavam em terra e muita da que embarcou foi em navios aonde não iam os seus donos (…)" Memórias do Marquês da Fronteira e de Alorna adaptação)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

22 de novembro de 1497

VASCO DA GAMA PASSA O CABO DA BOA ESPERANÇA RUMO À ÍNDIA
Em 1497, o rei D. Manuel I envia uma armada de quatro navios, com cerca de cento e cinquenta homens, chefiada pelo fidalgo Vasco da Gama, à descoberta da via marítima para a longínqua Índia das especiarias.
A armada saiu a barra do Tejo no dia 8 de Julho de 1497. João de Barros, historiador da época de D. Manuel I, refere-se assim a este facto:

"Postos os navios no Restelo, lugar de ancoragem antiga, um dia antes da sua partida foi (o Gama) ter vigília com os outros capitães à casa de Nª. Srª. da invocação de Belém, situada neste lugar do Restelo, a qual naquele tempo era uma ermida que o Infante D. Henrique mandou fundar, onde estão ainda alguns freires da Ordem de Cristo para administrarem os sacramentos aos mareantes. Ao seguinte dia que era Sábado 8 de Julho (1497) por ser dedicado a Nª. Srª., e a casa de muita romagem; assim por esta devoção como por se irem despedir dos que iam na armada, concorreu grande número de gente a ela. E quando foi ao embarcar de Vasco da Gama os freires da casa com alguns sacerdotes que da cidade lá eram idos a dizer missa ordinaria, uma devota procissão com que o levaram ante si nesta ordem, ele e os seus com círios nas mãos e toda a gente da cidade ficava detrás respondendo a uma ladaínha que os sacerdotes diante íam cantando, até os porem junto dos bateis em que se haviam de recolher. (...)

A Viagem - A armada parte do Restelo no sábado 8 de Julho, passa pelas Canárias, detém-se em Cabo Verde, dá uma larga volta pelo Atlântico Sul e passa o cabo da Boa Esperança em 22 de Novembro de 1497.
Entre o Natal de 1497 e 24 de Abril de 1498, a armada explora a costa oriental de África, e a 18 de Maio de 1498 atinge a Índia a norte de Cananor. Ao regressarem a Lisboa em 10 de Julho de 1499, os portugueses haviam inaugurado uma nova era nas relações mundiais.

domingo, 17 de novembro de 2013

17 de novembro de 1717 e 1982

CONSTRUÇÃO DO CONVENTO DE MAFRA E PUBLICAÇÃO DO "MEMORIAL DO CONVENTO" 
No início do século XVIII, D. João V, rei de Portugal, aconselhado por um clérigo da corte, prometeu mandar construir o maior e mais caro monumento do país caso tivesse descendência, filho ou filha. Quando a rainha D. Maria Ana de Áustria deu à luz uma bebé, a princesa D. Maria Bárbara, o rei cumpriu a promessa.


As obras iniciaram-se no dia 17 de novembro de 1717. O rei não olhou a despesas. O sumptuoso edifício é composto por uma basílica, um palácio real e um convento.

No dia 22 de Outubro de 1730, às 7 horas da manhã, iniciaram-se os festejos da inauguração. Foi servido um banquete popular a mais de 9 mil pessoas. A festa prolongou-se por uma semana, ao som da música dos dois enormes carrilhões (com 92 sinos) construídos expressamente em Antuérpia (Bélgica). Os carrilhões, que ainda hoje são usados para tocar melodias, estão apontados como dos melhores do mundo.

O livro “Memorial do Convento”, que projetou José Saramago internacionalmente, tem como cenário e inspiração o Convento de Mafra.

No século XIX, a rainha D. Maria Pia, que frequentava o Palácio Real de Mafra, mandou construir um elevador (do rés-do-chão ao terceiro piso), com capacidade para 10 pessoas, que ficou conhecido pela Caranguejola. Foi o primeiro elevador em Portugal.

Uma das grandes atracões do edifício é a Biblioteca, não só pelo seu estilo barroco e por conter cerca de 40 mil livros antigos (muitos com encadernações em couro gravadas em ouro, como a segunda edição de “Os Lusíadas”) mas, sobretudo, pelos morcegos que alberga.

E por falar em animais, falta a referência às famosas, enormes e temíveis ratazanas que deambulam pelos subterrâneos do Convento de Mafra.

Ler mais em: http://www.palaciomafra.pt/pt-PT/conventomenu/ContentList.aspx


terça-feira, 12 de novembro de 2013

12 de novembro de 1991


MASSACRE DE SANTA CRUZ EM TIMOR-LESTE

 O Massacre de Santa Cruz em Timor Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Dili, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso é normalmente indicado como o dia de juventude de Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense, e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.


O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 74 pessoas no local, com 127 a morrer dos ferimentos nos dias seguintes. Até 2012, a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida. Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo pela independência.

Ver mais em: http://videos.sapo.pt/8JsPOfoEEfz3QQWDKzpQ

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SABE O QUE FOI A LEI FEIJÓ?


'A LEI PARA INGLÊS VER'


Além de enfrentar o movimento das ruas e das tropas, os interesses divergentes de restauradores e exaltados, os atentados, as fugas de escravos e insurreições negras, o Governo Regencial tinha, também, que enfrentar a pressão inglesa para a extinção do tráfico negreiro internacional. Diversos acordos já tinham sido assinados entre o Brasil e a Inglaterra, limitando o alcance e a abrangência do tráfico negreiro, desde a vinda de D. João para o Brasil. Todos esses acordos ainda não eram suficientes para a Inglaterra, que visava mesmo o fim da escravidão.
Pretendendo retardar o mais possível a eliminação dessa força trabalhadora e aliviar a pressão inglesa, o governo promulgou, em novembro de 1831, uma lei proibindo o tráfico negreiro para o Brasil, declarando livres os escravos que aqui chegassem e punindo severamente os importadores. Comentava-se na Câmara dos Deputados, nas casas e nas ruas, que o Ministro Feijó fizera uma "lei para inglês ver".


Lei de 7 de novembro de 1831

Lei Feijó – Proibição do Tráfico Negreiro
A Regência, em nome do Imperador o Senhor Dom Pedro Segundo, faz saber a todos os súditos do Império, que a Assembléia Geral decretou, e ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º. Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres. Excetuam-se:
1º. Os escravos matriculados no serviço de embarcações pertencentes a país, onde a escravidão é permitida, enquanto empregados no serviço das mesmas embarcações.
2º. Os que fugirem do território, ou embarcação estrangeira, os quais serão entregues aos senhores que os reclamarem, e reexportados para fora do Brasil.
Para os casos da exceção no. 1, na visita da entrada se lavrará termo do número de escravos, com as declarações necessárias para verificar a identidade dos mesmos, e fiscalizar-se na visita da saída se a embarcação leva aqueles, com que entrou. Os escravos, que forem achados depois da saída da embarcação, serão apreendidos, e retidos até serem reexportados.
Art. 2º. Os importadores de escravos no Brasil incorrerão na pena corporal do art. 179 do Código Criminal imposta aos que reduzem à escravidão pessoas livres, e na multa de 200$000 por cabeça de cada um dos escravos importados, além de pagarem as despesas da reexportação para qualquer parte da África; reexportação, que o Governo fará efetiva com a maior possível brevidade, contratando as autoridades africanas para lhes darem um asilo. Os infratores responderão cada um por si, e por todos.
Art. 3º. São importadores:
1º. O Comandante, Mestre ou Contramestre.
2º. O que cientemente deu, ou recebeu o frete, ou por qualquer outro título a embarcação destinada para o comércio de escravos.
3º. Todos os interessados na negociação, e todos que cientemente forneceram fundos, ou por qualquer motivo deram ajuda, a favor, auxiliando o desembarque, ou consentindo-o nas suas terras.
4º. Os que cientemente comprarem, como escravos, os que são declarados livres no art. 1o.; estes porém só ficam obrigados subsidiariamente às despesas da reexportação, sujeitos contudo às outras penas.
Art. 4º. Sendo apreendida fora dos portos do Brasil pelas forças Nacionais alguma embarcação fazendo o comércio de escravos, proceder-se-á segundo a disposição dos arts. 2o. e 3o. como se a apreensão fosse dentro do Império.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Inauguração da ponte D. Maria


Fases da construção da ponte D. Maria


A construção da Ponte D. Maria Pia iniciou-se em Janeiro de 1876.
Na época, foi uma obra de engenharia audaciosa, de Gustavo Eiffel, que deslumbrou portugueses e estrangeiros.
O Porto foi, aliás, a cidade europeia que mais cedo utilizou a “arquitectura do ferro”.
Utilizaram-se 1.600.000 kg de ferro e cerca de 150 operários, na sua construção. As dimensões exigidas, pela largura do rio Douro e das escarpas envolventes, produziram o maior vão construído, até essa data, com a aplicação de métodos revolucionários para a época.
A inauguração, em 4 de Novembro de 1877, foi presidida pelo rei D. Luís e pela rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome.
Esta ponte, que embeleza a cidade do Porto há 130 anos, fez a ligação ferroviária entre o Norte e o resto do País, sendo um motor importante de desenvolvimento.

Para saber mais http://videos.sapo.pt/NzSMQtep2c9vu9jiUfls



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

1 de novembro de 1755



O Sismo de 1755, também conhecido por Terramoto de 1755 ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, às 9:30 ou 9:40 da manhã, dia que coincide com o feriado do Dia de Todos-os-Santos. Resultou na destruição quase completa da cidade de Lisboa, e atingiu ainda grande parte do litoral do Algarve. O sismo foi seguido de um maremoto, que se crê tenha atingido a altura de 20 metros e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os geólogos modernos estimam que o sismo de 1755 atingiu a magnitude 9 na escala de Richter.

O terramoto de Lisboa teve um enorme impacto político e sócio-económico na sociedade portuguesa do século XVIII, dando origem aos primeiros estudos científicos do efeito de um sismo numa área alargada, marcando assim o nascimento da moderna sismologia. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da teodiceia e da filosofia do sublime.O epicentro não é conhecido com precisão, havendo diversos sismólogos que propõem locais distanciados de centenas de quilómetros. No entanto, todos convergem para um epicentro no mar, entre 150 a 500 quilómetros a sudoeste de Lisboa. Devido a um forte sismo, ocorrido em 1969 no Banco de Gorringe, este local tem sido apontado como tendo forte probabilidade de aí se ter situado o epicentro em 1755.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755