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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Achados únicos no Vale do Sabor

O Vale do Sabor, em Trás-os-Montes,  tem uma galeria de arte rupestre móvel ao ar livre, do Paleolítico Superior, única em toda a Península Ibérica.
Esta galeria é também a maior do seu género da Europa.
Ao todo, os investigadores descobriram nesta escavação, com cerca de 900 metros quadrados (dos quais 200 têm vestígios de antigos povoamentos), 300 mil fragmentos de placas do Paleolítico Superior – ou seja, com datação cronológica entre 10 mil e 15 mil anos antes de Cristo e cerca de 1.400 são fragmentos de placas de arte móvel.
30 mil anos de ocupação
As escavações do Baixo Sabor – que já estão encerradas e que não retiraram todos os achados para, como é regra em Arqueologia, deixar uma reserva para as gerações futuras – revelaram ainda que “houve uma ocupação permanente do Vale desde há 30 mil anos” e que o sítio do Medal foi importante em toda a região, no que diz respeito à ocupação de comunidades pré-históricas de caçadores-recolectores.
O Medal é, ao longo de todo o trajecto do rio, o único local que se conhece em que as comunidades do Paleolítico Superior pararam – não só para gravar as rochas, mas também para manter outras actividades, como a caça ou a recolha de alimentos. Nas escavações do Medal, foram encontradas ferramentas, como machados, lanças, cajados e facas, entre outros utensílios de pedra, ossos ou madeira.

Esqueletos humanos em Crestelos
O sítio de Crestelos, na quinta com o mesmo nome e onde ainda estão a decorrer escavações, é outros dos locais importantes do Vale do Sabor. Crestelos tem uma ocupação contínua de mais de dois milhões de anos. Aqui descobrimos estruturas da Idade do Ferro e do Bronze, que ainda não foram encontradas noutros locais da região.
De 1.500 anos a.C., ou seja, há cerca de 3.500 anos, encontrámos fossas no chão com enterramentos humanos. Trata-se de seis esqueletos, incluindo um casal, que foi enterrado na mesma fossa. Esta descoberta foi muito surpreendente por ser neste tipo de solos, que têm um elevado nível de acidez.
Quando começaram os trabalhos de construção da barragem do Baixo Sabor, eram conhecidos apenas 300 sítios arqueológicos, mas com as investigações – que ainda decorrem – o número aumentou para 2.400.
No último ano, a equipa de arqueologia dedicou-se a perceber a importância destes achados para, em breve, reportar as descobertas ao Governo. A ideia é, à semelhança do que aconteceu no Alqueva, fazer uma monografia, que deverá ser publicada em 2014.
Por isso, os visitantes que quiserem conhecer um pouco da história do Sabor podem aproveitar os próximos meses. Antes que a zona das escavações seja selada e acabe por ficar debaixo de água.